viernes, 17 de junio de 2011

ENTREVISTA COM FREDERIC MUNNÉ

Paulo Cezar Nunes Junior e Silvia Cristina Franco Amaral Entrevista com Frederic Munné
ENTREVISTA COM FREDERIC MUNNÉ: O PERCURSO DA
PSICOSSOCOLOGIA DO TEMPO LIVRE NOS ESTUDOS DO LAZER

Paulo Cezar Nunes Junior
Sílvia Cristina Franco Amaral
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Campinas – SP – Brasil
Esta entrevista foi realizada em março de 2009 na ocasião do intercâmbio de
Paulo Cezar Nunes Junior, na época mestrando em Educação Física (Faculdade de
Educação Física da Unicamp) orientado pela professora Drª Sílvia Cristina Franco
Amaral. Vinculado ao Departamento de Psicología Social da Universitat de Barcelona,
o aluno foi recebido pela professora Drª Núria Codina Mata, ex-orientanda do professor
Munné, a qual nos garantiu o encontro e a possibilidade da realização desta.
Nossa vontade de conversar com Munné vinha de longa data, desde a década de
1990, quando entramos em contato com uma de suas primeiras publicações, fruto de sua
tese de doutorado, intitulada Psicosociología del tiempo libre. México: Trillas, 1980.
Este texto, que a princípio parece ter tido uma repercussão pequena, até aquele período,
nos estudos do lazer no Brasil nos inspirou a pensar esta manifestação sob outro
enfoque e nos permitiu descobrir autores ainda não lidos. De lá para cá, temos
explorado esta obra e todo o desdobramento de uma área denominada Psicosociología
Del Tiempo Libre. Outras publicações e desdobramentos desta teoria foram escritos
pelo próprio autor, além de pesquisas realizadas por outros estudiosos.
Frederic Munné é Professor Emérito da Universitat de Barcelona, Catedrático de
Psicología Social e além da obra já citada, investigou e publicou vários artigos e livros
sobre temas como:
La complejidad del self y la identidad social; Sentido epistemológico
de la pluralidad de teorías. El pluralismo teórico en la Psicología
social.; Análisis de la complejidad y la actividad de los grupos;
Construcción conceptual de la Psicología social como ciencia; El
pensamiento de Marx en la Psicología social. La psicología social
Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, mar/2010

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soviética; La influencia social de la publicidad como información y
persuasión; Psicosociología crítica del ocio. El tiempo libre como el
tiempo de goce de la libertad; Problemas interdisciplinarios de la
psicología jurídica, como ciencia y como campo de intervención.
(http://www.ub.edu/dppss/pg/fmunne.htm, ACESSO EM 13 DE
NOVEMBRO DE 2009)
Cabe ainda afirmarmos que esta é a primeira de uma série de entrevistas que
pretendemos realizar com autores que influenciaram o pensamento teórico do lazer.
Com isto desejamos ouvir e dar voz aos autores que lemos e com os quais ainda
podemos dialogar. Tomamos como metodologia de realização da entrevista o
depoimento oral, de viés temático, em que, após estudarmos as obras do autor, lermos
seus escritos, conhecermos um pouco sua trajetória, formulamos as perguntas iniciais
com as quais chegamos ao autor. Daí pode decorrer ainda outras indagações, surgidas
na medida em que o depoimento transcorre.
A entrevista com Munné foi realizada em castelhano e preferimos não traduzi-la
para não correr o risco de perder toda a riqueza do diálogo com o autor. Introduzimos a
entrevista com as primeiras impressões da chegada à casa do entrevistado, a partir da
narração da experiência vivenciada pelo entrevistador.
Primeiras impressões
Barcelona, 23 de março de 2009.
Paulo -Acabo de chegar da casa do professor Munné. O que era pra ser uma
entrevista acabou no final virando um bate papo sobre vários assuntos, depois que o
gravador foi desligado. Conselhos e conversas sobre viagens, política nacional,
mudanças no ensino superior europeu e até mesmo sobre a questão de identidade Brasil-
Portugal.
Cheguei a seu apartamento às 19h em ponto. Munné estava à minha espera na
saída do elevador. Cabelos brancos penteados, camisa e colete, aperto de mão forte.
Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, mar/2010

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Logo a ansiedade foi substituída pela tranqüilidade que Munné me passava.
Atravessamos dois ou três cômodos até chegar a um salão grande, com estantes repletas
de livros de diferentes assuntos. A cor mogno dos móveis combinava com o couro
escuro do sofá, que por sua vez combinava com a meia-luz de duas luminárias dispostas
nos cantos do salão. Alguns bibelôs e uma dezena de fotos de família completavam o
clima que me acolhia para a conversa.
Ele, muito natural, me disse:
-Sente-se, quero te ouvir.
E eu, mais descontraído, revidei:
-Mas o entrevistado aqui hoje é você!
E ele:
-Mas preciso saber com quem estou falando, não?
Bom, sentei-me e iniciei a conversa com meia dúzia de frases sobre minha vida.
Ele mandou abraços ao pessoal do grupo e à professora Sílvia, e me pediu a direção
eletrônica de nosso site.
Logo ele começou a falar, e iniciamos o roteiro planejado sobre o assunto da
psicossociologia do tempo livre.
O tempo todo o professor não esboçou qualquer tipo de insegurança. Como já
sabia previamente do roteiro, tinha noção das perguntas que seriam feitas, o que fez com
que a conversa seguisse fluentemente. Manteve-se quase o tempo todo na mesma
posição, com tom de voz contínuo e oratória impecável. Costurava sempre os assuntos
depois dos momentos de devaneio necessário, e no final me disse: “Já acabou? Pois
caso tenha mais dúvidas podemos seguir conversando por email."
Depois de algumas ponderações densas sobre epistemologia, complexidade e
tempo livre, algumas pequenas surpresas. Descobri, por exemplo, que seu hobby
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preferido é a jardinagem, e que as Cataratas do Iguaçu, ao lado de Macchu Picchu, são
seus pontos turísticos prediletos.
No final, uma foto categórica com os livros ao fundo e um autógrafo caprichado.
Para mim, a sensação do dever cumprido e um até logo amistoso. “Nos vemos qualquer
dia desses”, disse-me enquanto o elevador chegava.
A entrevista:
Paulo -Caro profesor, quería oírlo acerca de sus estudios sobre la Psicosociología del
Tiempo Libre (PTL) desde sus primeras aportaciones, en el inicio de los años 70 hasta
sus estudios actuales.
Munné – Procuraré no entrar en muchos detalles y darle noticia de alguna cosa no
conocida. El tema del tiempo libre me atraía, porque indirectamente se gestó en mi
primera formación universitaria, época en que estaba muy interesado por la
temporalidad humana. Mis estudios superiores se repartían entre Derecho y
Humanidades y culminaron con una tesis doctoral en Derecho para la cual elegí como
tema “El derecho al tiempo libre”. Su redacción definitiva me llevó unos dos años. La
base estaba en la Declaración Universal de los Derechos Humanos, especialmente el
artículo 24 que proclama los derechos “al descanso, al disfrute del tiempo libre, a una
limitación razonable de la duración del trabajo y a vacaciones periódicas pagadas”. Era
un artículo descuidado por los comentaristas en lo que se refiere precisamente al
disfrute del tiempo libre. Ahora bien, el enfoque de la tesis no era jurídico sino
principalmente sociopsicológico, menos el último capítulo que sí trataba el tema de un
modo estrictamente jurídico, pero sobre la base de todo lo aportado en el resto de la
tesis. De la interpretación del artículo mencionado resultó un contenido muy rico, pues
se desplegaba en cuatro derechos más específicos: un derecho a un volumen
Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, mar/2010

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determinado de tiempo libre, un derecho a una distribución de dicho tiempo, un derecho
a un contenido efectivo de actividades en el mismo y un derecho a un modo adecuado
de empleo. Este capítulo final lo publiqué en 1974, dos años después de terminada y
leída la Tesis.
El resto de la tesis lo trabajé ya como libro y después de varios años de
reelaboración lo publiqué en 1980. Algo aún no contado es que durante aquellos años
yo estaba preparando mi cátedra -que obtuve en 1983 – y preparando otro libro, éste
sobre las “Psicologías sociales marginadas”, con un subtítulo que aclaraba el sentido del
título: “La línea de Marx en la psicología social”. No había ningún libro sobre esta
cuestión. Publicado en Barcelona, el mismo año que la Psicosociología del tiempo libre
salía publicada en México, investigaba no sólo las aportaciones del Marx sociólogo y
economista, sino sobre todo del marxismo comunista francés, del marxismo crítico
alemán y de la psicología soviética. Las aportaciones a la problemática del tiempo libre
de estas dos últimas líneas de pensamiento me influyeron mucho sobre todo la visión
epistemológica de Teoría Crítica sostenida por la Escuela de Frankfurt, que está muy
presente en Psicosociología del tiempo libre. Por cierto que el primer título pensado no
era éste sino “Crítica del ocio burgués” -por error editorial figura como subtítulo en los
datos de copyright del interior del libro -pero resultó que el texto sobrepasaba la
crítica al ocio burgués, pues hacía unas propuestas novedosas hasta dar una nueva
concepción del tiempo libre y su relación con el ocio y el trabajo.
Al haber sido publicado en Trillas, ha sido un libro de gran influencia en
América Latina. Aún se pasa como texto o se recomienda en investigaciones sobre el
tema, y por lo mismo de relativamente escasa influencia en España donde, además, el
tema suscitaba poco interés. El editor hizo dos ediciones y muchas reimpresiones.
Incluso hoy, a pesar de los años transcurridos, en que aquél sigue una línea editorial
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distinta en sus publicaciones, sigue pasándome anualmente liquidaciones. Es habitual
que vía Internet me pregunten dónde lo pueden adquirir, cosa no fácil debido al tiempo
transcurrido desde su aparición. La última vez, hace poco, fue una profesora de una
escuela universitaria de educación física del sur de Argentina, que me lo pidió y como
no está digitalizado y no podía facilitarle el texto le sugerí que preguntará en
bibliotecas. Con motivo del 25 aniversario de la primera edición pensé en una reedición
con un capítulo nuevo que actualizara el tema desde la perspectiva del paradigma de la
complejidad al que me he dedicado estos último años, pero francamente no he tenido
tiempo aún de dedicarme a ello. No sé si con esto he contestado lo que quería decir.
Paulo -Después de esta publicación hubo otras específicas sobre ocio o tiempo libre?
Munné – Si la pregunta se refiere a si he publicado algun otro libro continuación a la
obra de 1980, la respuesta es que no. Pero sí varios artículos, que están indicados en mi
web home, y he pronunciado conferencias e impartido seminarios sobre la problemática
del tiempo libre referida a aspectos puntuales como el deporte, el turismo, la crítica
social y política, etc.
Paulo -Aún sobre la PTL, usted considera que hubo cambios en los principales
conceptos tratados en la publicación de 1980? ¿Cómo se definiría hoy el tiempo libre y
el derecho a libertad?
Es una buena pregunta. Pero antes de abordarla quizá convenga explicar que
aproximadamente a mitades de los 80, ya conseguida la Cátedra a que antes me he
referido, mi interés se había centrado en el significado del hecho de la existencia
permanente en el tiempo de una pluralidad de teorías no ya en la psicología social sino
en todos los campos de la ciencia. La pregunta de partida era aparentemente inocente:
¿Por qué hay tantas teorías? Esta disponibilidad de un abanico de teorías para afrontar
cualquier cuestión, tanto en las ciencias de la naturaleza como en las ciencias humanas,
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tenía que tener algún significado epistemológico. Y esto dio lugar a varios trabajos
míos sobre lo que llamo el pluralismo teórico, en contra del monismo teórico. El
monismo está relacionado con las posturas dogmáticas, por su parte el pluralismo
teórico responde a la complejidad de la realidad. Y si la realidad es compleja exige
enfoques plurales, tanto desde el punto de vista epistemológico como desde el punto de
vista metodológico. A esto responde La construcción de la psicología social como
ciencia, libro que ahora puede consultarse completo on line, y un artículo relevante en
la revista Psicothema. Pues bien, todo esto dio lugar a relacionar está temática con la
complejidad del comportamiento humano, que desde fines de los 90 ya venía tratando
en mi curso anual de doctorado en la Universitat de Barcelona que he ido impartiendo
hasta mi jubilación como Catedrático Emérito. En resumen, mis estudios sobre el
pluralismo teórico y luego sobre las teorías de la complejidad y la formación de un
paradigma epistemológico sobre ésta han sido los hitos para entender los fenómenos del
comportamiento humano, entre ellos en nuestro caso los referidos al tiempo libre.
Volviendo a La psicosociología del tiempo libre, su enfoque fue dialéctico. Y
sobre esto también puedo contarle una anécdota: La editorial, sin consultarme, puso un
comentario en la contracubierta del libro diciendo que el autor trataba la materia desde
el punto de vista de la dialéctica materialista, cosa que no era exactamente así. Esto me
obligó, para evitar malentendidos, a adjuntar una nota personal a los colegas que
recibieron un ejemplar como obsequio, aclarándoles que mi enfoque era dialéctico y no
según el materialismo dialéctico como se decía por error editorial. Esto era algo más
que un matiz, pues sugería una posición ideológica en la que el libro no entraba, en
cambio sí adoptaba el espíritu epistemológico del marxismo crítico de Frankfurt. Bueno,
pues, este enfoque dialéctico crítico pienso que hoy debe ser revisado de acuerdo con el
paradigma de la complejidad. A mi modo de ver, esto permite superar el reduccionismo
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que Marx aplica en su época, lo cual es completamente necesario y exigible en la
sociedad de la globalización, sociedad que da lugar al sistema sociocultural más
complejo jamás conocido, una sociedad que instaura la hipercomplejidad en su seno, en
todos los aspectos de la vida social y cultural. Para darle una pista al respecto: trabajo,
ocio y tiempo libre (y no, tiempo libre) forman el trípode sobre el que hoy se configuran
problemáticamente estas tres realidades. Y en teoría de la complejidad, es famoso el
problema de los tres cuerpos estudiado por Poincaré, según el cual un sistema con tres
componentes constitutivos puede comportarse de un modo complejo, o sea
caóticamente adquiriendo propiedades tales como la no linealidad, la fractalidad, la
emergencia y autoorganización, etc. A lo que habría que añadir algo ya insinuado en mi
libro cuando me referí al grado de nitidez del tiempo libre y que hoy hay que llamar
grado de borrosidad, otra propiedad de los sistemas complejos. No creo oportuno ahora
extenderme más sobre todo ello, sólo déjeme decirle que es apasionante. En cualquier
caso, esto enriquece extraordinariamente la cuestión y sin enfocarla así no creo posible
entender el papel y la función reales y potenciales del tiempo libre en la sociedad del
siglo XXI.
Paulo – Y qué sería hoy el derecho a la libertad a partir de estos apuntamientos?
Munné – Por supuesto, el derecho a libertad es distinto del derecho al tiempo libre. Este
último es un derecho a ciertos aspectos de la libertad. El derecho a la libertad está
centrado en el problema de conjugar la libertad y la necesidad. Aplicando el paradigma
de la complejidad a la cuestión, estamos ante dos extremos que de alguna manera se
refieren uno a otro recíprocamente. Yo no puedo pensar la libertad sin tomar como base
la necesidad y viceversa. La libertad por si sola o sea entendida de un modo absoluto no
tiene sentido por falta de referencia, es un concepto hueco. La libertad absoluta no
existe y la necesidad absoluta tampoco. Pero entre una y otra discurre el continuum real
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de lo borroso: unas veces hay más necesidad que libertad y otras más libertad que
necesidad,. Siempre hay los dos referentes polares, pero el sistema fáctico es un sistema
global de libertad-necesidad. Con este planteamiento, un tiempo libre absoluto es pura
utopía por carecer de referente real. En la realidad, lo que hay es la libertad-necesidad.
En consecuencia, un derecho a la libertad entendido de un modo absoluto es una
entelequia abstracta.
Pero volvamos al tiempo libre, un hito en la historia del problema está en el
proceso de industrialización, cuando el yerno de Marx, Paul Lafarge, escribe Le Droit à
la paresse (El derecho a la pereza), reclamando que los trabajadores tengan un derecho
al descanso. En aquel contexto, el tiempo libre, que es la expresión utilizada por Marx y
no tiempo de ocio, se entendía como tiempo sustraído al trabajo. Esto indicaba que el
trabajo niega la libertad y se confunde con la necesidad, de acuerdo con la terrible
sentencia divina de “ganarás el pan con el sudor de tu frente” (Gen. 3, 19) que hace del
trabajo una maldición. Pero el trabajo no tiene por que tener este estigma bíblico, que
encuentra su máxima realidad en la sociedad industrial. En la medida en que esta
sociedad se pueda superar, y pienso que estamos en camino de ello al menos
potencialmente, el trabajo no tiene por que ser forzosamente antagónico al tiempo libre.
El meollo de la cuestión sigue estando, empero, en el modo de conjugar la libertad y la
necesidad. Y así planteadas las cosas, entran otra vez las características de los sistemas
complejos. Para darle otra pista -no sé si usted ha estudiado alguna cosa sobre
complejidad con la profesora Núria Codina, quien ha hecho importantes contribuciones
metodológicas especialmente en relación al self -, todo sistema caótico tiene un atractor
que es calificado de extraño y que hace inteligible y posible dicho sistema. Bueno,
pues, mi posición es que uno de los atractores extraños del sistema formado por el
tiempo libre, el ocio y el trabajo es precisamente la libertad, la libertad como valor. Y
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este atractor hace posible que a la vez el sistema sea determinista y actúe con libertad.
Esta paradoja es, justo, lo que pasa con el tiempo libre en su relación con el ocio y con
el trabajo.
Paulo – Es complejo...
Munné – En efecto, y este planteamiento, que responde mejor al escenario de la
sociedad global, es ya muy diferente del presentado en La psicosociología del tiempo
libre, que respondía a un sistema social en plena sociedad de consumo pero no a los
desarrollos posteriores de ésta, esto es, a la sociedad del sobreconsumo, a la sociedad
del conocimiento y a la sociedad de la globalización. Estas plantean unos retos tanto
desde el punto de vista epistemológico y metodológico, como del teórico y aplicado,
muy distintos a los desafíos planteados en las décadas sesenta a ochenta del pasado
siglo.
Paulo – ¿Y cuál sería entonces el concepto de ocio dentro de la teoría de la
complejidad?
Munne – Pienso que la complejidad es, al menos hoy, el referente epistemológico
necesario para poder entender y tratar consecuentemente la inextricable relación entre el
trabajo, el ocio y el tiempo libre. El ocio hace posible el trabajo, porque por ejemplo si
no descanso no puedo trabajar, pero también hace posible el tiempo libre porque si no
estoy libre del trabajo como obligación no puedo disfrutar de la libertad. De ahí la
diferencia que entonces establecí entre el tiempo liberador y el tiempo liberado. Esto
sería un punto de continuidad entre los planteamientos de mi libro y lo que acabo de
explicarle.
Allí escribí que el tiempo libre es el tiempo en que gozamos de la libertad. He
aquí, la esencia del tiempo libre desde el punto de vista antropológico o si se quiere
filosófico. Y esto, como también escribía allí hay que relacionarlo no sólo como un
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tiempo de libertad sino, acudiendo a la famosa distinción de Eric Fromm en El miedo a
la libertad, como un tiempo para la libertad. Pero debo aclarar mi diferencia con
Fromm: ambos valores, la libertad y la necesidad, no los entiendo antagónicamente
como implícitamente hace el pensador frankfurtiano cuando los conecta a través de otro
valor intermedio como es la seguridad, la cual implica la necesidad con lo que viene a
contraponerla a la libertad. Expresado fácticamente, su tesis es que a más seguridad
perdemos libertad y a más libertad perdemos seguridad, de donde se deduce que si
queremos ésta última hemos de acudir a la necesidad en forma de control,
condicionamiento, etc. Creo que cabe criticar a Fromm por esta concepción en
términos absolutos de los valores en juego. La perspectiva de la complejidad me
permite advertir el carácter borroso de la relación entre el trabajo, el ocio y el tiempo
libre. Y añadiré más, también me permite ver que gozar de mi libertad es ganar
identidad, a través de procesos autoorganizativos, lo cual me autocondiciona, a la par
que también me heterocondiciona personal y socialmente. Y esta diferenciación entre
auto y heterocondicionamiento, es una distinción fundamental establecida en mi libro
que ha de ser revisada de acuerdo con el paradigma de la complejidad.
Paulo -¿Y sobre las críticas a los autores del escenario internacional de la década de
1970 y cómo esto contribuyó para pensar el tiempo libre y el ocio?
Bueno, entre los autores anteriores a los años setenta presentes en La
Psicosociología del tiempo libre, la base de mi teoría está en una crítica a Dumazedier,
concretamente en su teoría de las 3D, que como recordará corresponden al Descanso, la
Diversión y el Desarrollo de la personalidad. No es una teoría pura, sino deducida de
los resultados obtenidos en una macro investigación empírica: Analizados los datos de
una serie de encuestas, Dumazedier encontró estos tres tipos de actividad en el tiempo
que llamó de ocio, tipos que trató como las funciones del loisir. Su enfoque es, pues,
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funcional, propio del funcionalismo sociológico de la época, que aplica a la
interpretación del contenido del tiempo libre. Pues bien, en mi libro critico esta teoría
porque entiendo que no responde a la situación de hecho. Y para esto aporto el nuevo
concepto de contrafunción o función compensatoria. Sostengo que él llama funciones en
realidad son contrafunciones o meras compensaciones, cosa que los influyentes trabajos
de Friedmann habían demostrado bien. Esto significa, por ejemplo, que si estoy
descansando porque estoy cansado, agotado por el trabajo, descanso por necesidad y no
porque me place, por el goce que ello puede producirme. En cierto modo, mi tiempo
continua atado al trabajo. Un tiempo de necesidad es un tiempo antilibre. En
conclusión, el funcionalismo de Dumazedier mira más al ocio como compensador del
trabajo que no al ocio como generador de tiempo libre. Es en este sentido que criticaba
y critico a Dumazedier.
Pero en mi libro hay otro autor clave: Marx. Aunque lo tomo como un
referente fundamental, también le critico no por su concepción del tiempo libre sino por
el componente utópico que implícitamente sobrecarga esta concepción. Marx en sus
escritos muestra una verdadera preocupación por el tiempo libre y pone las bases para
desarrollar una teoría interesante, cosa que intentará hacer años después la ciencia
social soviética interpretando desde un rígido materialismo dialéctico e histórico su
herencia. Marx hace una crítica en general correcta del ocio digamos burgués, pero
sobre esta base construye un concepto utópico del tiempo libre, no del ocio.
Un aspecto que dejé sólo apuntado en esta obra es el de las teorías subjetivas
del ocio (leisure), propias de los ingleses y los norteamericanos que se interesan
primeramente por el ocio al aire libre, en parques y jardines, en zonas públicas, etc.,
para en una segunda etapa tender a un subjetivismo centrado en la percepción del ocio.
Esto se opone a la visión soviética del tema. Y me da pie a añadir que una cuestión
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poco clara en el libro, que luego he desarrollado convenientemente. Me refiero a que en
los estudios del ocio y tiempo libre hay cuatro grandes tradiciones teóricas, científicas,
investigadoras. Una es la anglosajona, que como acabo de señalar tiende al subjetivismo
y a la psicologización de la cuestión. Otra, la tradición alemana, tiende en cambio a lo
pedagógico en su dimensión antropológica: el problema del tiempo libre es un problema
de formación en el ocio, esto es de formación de uno mismo en saber emplear el tiempo
libre, lo que se traduce en un problema educativo a nivel de padres, maestros, etc. La
tradición francesa, preocupada por la animación cultural, que enfoca el problema del
tiempo libre desde un punto de vista empírico, de actividades de ocio para la diversión y
formación, no de formación en el sentido alemán sino de fiestas, lecturas, mass media
como formadores, etc. en el sentido pues de enriquecimiento cultural de la persona.
Finalmente, está la tradición soviética, prácticamente extinguida por razones políticas e
ideológicas, lo cual es una pérdida casi irreparable, ya que tuvo interesantes desarrollos
metodológicos, como los trabajos de Strumilin y de Grushin que continúan siendo
grandes estudios desconocidos en Occidente y que aún podrían inspirar nuevas
investigaciones. En este sentido, las cuatro tradiciones descritas continúan vivas.
Dicho esto, hoy añadiría una quinta línea inspirada por el concepto del tiempo
libre como un tiempo hace factible el placer de la libertad. Y como he insinuado, las
teorías de la complejidad pueden contribuir decisivamente al estudio e investigación del
tiempo libre, así entendido, y demás fenómenos asociados al mismo.
Paulo -¿Qué puede usted decir sobre los despliegues de la PTL en Brasil,
principalmente para los estudios en el campo del ocio?
Munné – He estado muchas veces en su bello país, como le he comentado antes de
iniciar formalmente la presente entrevista, pero ha sido a partir de los años noventa,
cuando ya estaba abordando temas sobre la complejidad. Llevo unos veinte años
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Paulo Cezar Nunes Junior e Silvia Cristina Franco Amaral Entrevista com Frederic Munné
trabajando y publicando esta cuestión, que me ha llevado a menudo por casi toda
América Latina, donde hay mucha más sensibilidad al respecto que no en España y en
general en Europa. Allí hay mucho interés por conocer los sistemas complejos
aplicados al comportamiento humano. Le cuento esto, intentado justificar algo mi
escaso conocimiento de lo que se hace en el Brasil sobre el tema que motiva esta
entrevista. Por lo que se refiere al resto de América Latina, mi conocimiento es algo
mejor. Por ejemplo, en Argentina, es importante la aportación del profesor Pablo
Waichman, a quien tengo el placer de conocer personalmente desde que a comienzos
de los años 90, con ocasión de que el Comité Olímpico me invitara a dar unos
seminarios en Buenos Aires y Santa Rosa sobre “La psicología social aplicada al deporte y
la recreación”. Por cierto, a fines de los 90 una escuela de ocio y turismo de Colombia,
me invitó a impartir un seminario sobre el tiempo libre y decliné la invitación alegando
que la situación en su país, de acuerdo con la información de que yo disponía, era
insegura. Insistieron en la invitación, no diciendo que la información era exagerada
sino: “no se preocupe, profesor, nosotros cuidaremos de su seguridad”. Esto confirmaba
mi impresión y no fui. Pero debo añadir que la situación ha cambiado y ahora hace
medio año estuve allí desarrollando en dos Universidades de Bogotá y de Cali temas de
complejidad, sin problema alguno de seguridad.
Yendo otra vez a su pregunta sobre Brasil: Tengo referencias de que hay
bastantes grupos que trabajan directa o indirectamente en el campo del lazer en sus
distintas aplicaciones, desde el deporte en el caso de ustedes hasta el turismo. En 2002,
estando en la Católica de Goias, en Goiânia, estando una vez más por temas de
complejidad, pude contactar con profesores dedicados a la animación cultural en la
exclusión social. Mi impresión es que mi libro ha penetrado tardiamente en su país,
demasiados años después de estar publicado. En cualquier caso, las peticiones desde
Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, mar/2010

Paulo Cezar Nunes Junior e Silvia Cristina Franco Amaral Entrevista com Frederic Munné
allí via e-mail de información y bibliografía han sido muy posteriores en relación con
otros países. Por esto, me alegra que ustedes estén interesados en el tema y les felicito
por ser muy activos en esta cuestión.
Endereço dos Autores:
Silvia Cristina Franco Amaral
Rua Doze, 424
Residencial Paineiras
CEP: 13140-000 – Paulínia SP
Endereço Eletrônico: scfa@fef.unicamp.br
Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, mar/2010

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